2012
levou
meu
corpo
levou
o
décio
levou
dona
canô
levou
joão
negreiros
em
2013
desejo
tudo
novo
na
piscina
velha
da
água
mineral
saúde
amor
trabalho
axé
paulo kauim
.
domingo com muita chuva em brasília,
o telefone toca no meio da tarde.
era o ator-poeta-peformer adeilton lima.
recebo a notícia da morte do nosso amor: décio pignatari
com impacto e desabar de lágrimas.
sem o décio a poesia brasileira ainda estaria
na caverna de platão entre sombras de versinhos sem vigor.
décio é o nosso toque de midas. ele mira o poeta como designer.
ele sempre dizia: a poesia não é um meio de vida, ela é um modo de vida.
décio é uma antena alta e rara
enquanto eu estiver vivo
sua poesia será compartilhada
em sala de aula
com os nosso alunos
suas ideias
vão espalhar-se
num
ri
zo
ma
evoé
axé
O poeta concretista Décio Pignatari fez, recentemente, em São Paulo, uma palestra sobre “O Fim da Literatura”. Lúcido, ele polemizou dizendo que as universidades e os professores tem que entrar na Revolução Industrial, datada de dois séculos atrás. Na sua opinião, a cátedra ainda não saiu da chamada “literatura rural”, de Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Jorge Amado. E defendeu o romance urbano, porque o Brasil é moderno e urbano. E falou muito de “Memórias Sentimentais de João Miramar”, de 24, como o primeiro grande texto urbano.
Aí perguntaram se ele incluía “Grande Sertão: Veredas” nesta categoria de romance rural. Ele pensou, pensou, e mandou a polêmica: disse que “Grande Sertão Veredas”, ao lado de “Em Busca do Tempo Perdido”, de Marcel Proust, é das mais importantes obras da literatura homossexual da história. Riobaldo que o diga..
life de décio pignatari
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