no meio do caminho dessa vida o indizível nos salva
não há fronteiras entre maracatu e bauhaus
domingo em taguatinga sul
reinvenção brasileira num beco quase pelourinho
chico com a brincadeira do ventríloco
zé regino com o sígno do absurdo dentro do tempo amoral-irracionalista
e
seu estrelo com o cavalo-marinho candango-cubista-dadaísta
para enfrentar a segunda
só com arte de primeira
saravá
amém
axé
.
tovar
nesse
seu
marginal
anti-
trovar:
oswaldiou-se
levou
seu
poema-objeto: H2OlhoS
para
ver-dançar
pina bausch
.
H2Lágrimas
se você atirar o livrinho
no meio do inferno
e o diabo se manifestar
diga ao cujo
que o poeta está a caminho
paulo tovar
tiro ao alvo - poesia pau-brasília
(escrito, mimeografado e disparado
em brasília/ novembro de 1979
evoé
tovar
evoé
+psicanálise
Sonhos do avesso
"Quem vai olhar para um modelo fora de linha como eu?" "Como promover a otimização de meus finais de semana?" "Fiz as contas: com o que gastei na análise de meu filho já poderia ter trocado de carro duas vezes"
A psicanalista Maria Rita Kehl afirma que a clínica tem sido "contaminada" por critérios de mercado e que o universo familiar gerador de valores está "totalmente atravessado pela linguagem da eficiência comercial"
O aparente apagamento da dívida simbólica não nos tornou menos culpados; ao contrário: hoje escutamos pessoas que se dizem culpadas de tudo
MARIA RITA KEHL
ESPECIAL PARA A FOLHA
Dizem que Karl Marx descobriu o inconsciente três décadas antes de Freud. Se a afirmação não é rigorosamente exata, não deixa de fazer sentido desde que Marx, no capítulo de "O Capital" sobre o fetiche da mercadoria, estabeleceu dois parâmetros conceituais imprescindíveis para explicar a transformação que o capitalismo produziu na subjetividade.
São eles os conceitos de fetichismo e alienação, ambos tributários da descoberta da mais-valia -ou do inconsciente, como queiram. A rigor, não há grande diferença entre o emprego dessas duas palavras na psicanálise e no materialismo histórico. Em Freud, o fetiche organiza a gestão perversa do desejo sexual e, de forma menos evidente, de todo o desejo humano; já a alienação não passa de efeito da divisão do sujeito, ou seja, da existência do inconsciente. Em Marx, o fetiche da mercadoria, fruto da expropriação alienada do trabalho, tem um papel decisivo na produção "inconsciente" da mais-valia. O sujeito das duas teorias é um só: aquele que sofre e se indaga sobre a origem inconsciente de seus sintomas é o mesmo que desconhece, por efeito dessa mesma inconsciência, que o poder encantatório das mercadorias é condição não de sua riqueza, mas de sua miséria material e espiritual.
Se a sociedade em que vivemos se diz "de mercado" é porque a mercadoria é o grande organizador do laço social.
Não seria necessário recorrer a Marx e Freud para defender o caráter político das formações do inconsciente. Bastaria citar a frase "o inconsciente é a política", proferida por Lacan, que convocou os psicanalistas a se empenharem por "alcançar em seu horizonte a subjetividade de sua época". Mas insisto em recorrer aos clássicos para lembrar aos lacanianos extremados que a verdade não nasceu por geração espontânea da cabeça de Lacan.
Crise do sujeito
Se Freud fundou a psicanálise ao vislumbrar, no horizonte de sua época, as razões da insatisfação histérica, é nossa vez de tentar escutar o que mudou desde então, à medida que a norma produtiva/repressiva foi sendo substituída pela norma do gozo e do consumo.
Alguns sintomas, na atualidade, têm se tornado mais frequentes e mais incômodos do que as formas consagradas das neuroses e das psicoses no século passado. Hoje as drogadições, os transtornos alimentares, os quadros delinquenciais e as depressões graves desafiam os analistas a repensar a subjetividade. Isso não implica necessariamente que as antigas estruturas clínicas tenham se tornado obsoletas.
O que encontramos hoje nos consultórios psicanalíticos é um novo sujeito? Ou são novas expressões sintomáticas que buscam responder ao velho conflito entre as pulsões e o supereu -este representante das interdições e das moções de gozo, no psiquismo? O sujeito contemporâneo está mais próximo do perverso, que sabe driblar a falta pelo uso do fetiche? Ou é ainda o neurótico comum que, em vez de tentar seguir à risca a norma repressiva, tenta obedecer a um mestre fetichista que lhe ordena a transgredir e gozar além da medida?
Por enquanto, tenho escutado, em média, neuróticos mais ou menos estruturados tentando corresponder à suposta normalidade vigente, a qual -esta sim- já não é mais a mesma nem do tempo de Freud, nem do de Lacan.
A "crise do sujeito", outra face da chamada "crise da referência paterna", corresponde, a meu ver, ao deslocamento e à pulverização das referências que sustentavam, até meados do século passado, a transmissão da lei. Não se trata da ausência da lei na atualidade, mas da fragilidade das formações imaginárias que davam sentido e consistência à interdição do incesto -a qual, desde Freud, é considerada condição universal de inclusão dos sujeitos na chamada vida civilizada, seja ela qual for.
Se o homem contemporâneo sofre do que [o psicanalista francês] Charles Melman chamou de falta de um centro de gravidade, é porque as referências tradicionais -Deus, pátria, família, trabalho, pai- pulverizaram-se em milhares de referências optativas, para uso privado do freguês.
Culpa e frustração
O "self-made man" dos primórdios do capitalismo deixou de ser o trabalhador esforçado e econômico para se tornar o gestor de seu próprio "perfil do consumidor" a partir de modelos em oferta no mercado. Cada um tem o direito e o dever de compor a seu gosto um campo próprio de referências, de estilo, de ideais. Aparentemente, não devemos mais nada ao pai e ao grupo social a que pertencemos, dos quais imaginamos prescindir para saber quem somos.
Este aparente apagamento da dívida simbólica não nos tornou menos culpados; ao contrário: hoje escutamos pessoas que se dizem culpadas de tudo. Não citarei, em hipótese alguma, falas dos que se analisam comigo: daí o caráter ligeiramente caricato dos exemplos que se seguem, como expressões genéricas da transformação que o mercado produziu nos discursos.
A antiga donzela angustiada com as manifestações involuntárias de sua sexualidade reprimida -lembrem-se de que Freud relacionou o tabu da virgindade e a moral sexual entre as causas do mal-estar, no início do século 20- hoje se sente culpada por não usufruir tanto do sexo, das drogas e do "rock and funk" quanto deveria. O obsessivo escrupuloso, acossado por fantasias perversas, agora se queixa de seu bom comportamento: queria ser um predador sem escrúpulos, eliminar os rivais, abusar sem pudor das mulheres.
As pessoas vivem culpadas por não conseguirem gozar tanto quanto lhes é exigido. Culpadas por não alcançar o sucesso e a popularidade instantâneos, por perderem tempo em sessões de análise -culpados por sofrer. O sofrimento não tem mais o prestígio que lhe conferia o cristianismo. Sofrer não redime a dívida; ao contrário, reduplica os juros.
Sem recurso à referência a autoridades repressivas que faziam obstáculo aos prazeres, as pessoas têm dificuldades em justificar seus sintomas. Não encontram a quem endereçar suas queixas ou apoiar seus ideais.
"Meus pais são amigos, meus professores são legais, ninguém me impõe ou me impede nada: eu sou um otário porque não consigo ser feliz". O sentimento de culpa, como escreve [o sociólogo francês Alain] Ehrenberg, tomou a forma de sentimento de insuficiência. Assim, a resposta à dor psíquica não é buscada pela via da palavra, mas pelo consumo abusivo dos psicofármacos que prometem adicionar a substância faltante ao psiquismo deficitário. O remédio age em lugar do sujeito, que não se vê responsável por seu desejo e por suas escolhas.
Não se concebe a vida como um percurso de risco que inclui altos e baixos, incertezas, acertos, dúvida, sorte, acaso. A vida é um empreendimento cujos resultados devem ser garantidos desde os primeiros anos -daí o surgimento de uma geração de crianças de agenda cheia de atividades preparatórias para a futura competição por uma vaga promissora no mercado de trabalho.
Não por acaso, essas mesmas crianças estarão mais predispostas à depressão na adolescência, esvaziadas de imaginação, de vida interior, de capacidade criativa. O universo amoroso ou familiar que substitui o espaço público como gerador de valores está totalmente atravessado pela linguagem da eficiência comercial. "Quem vai olhar para um modelo fora de linha como eu?" "Como promover a otimização de meus finais de semana?" "Fiz as contas: com o que gastei na análise de meu filho já poderia ter trocado de carro duas vezes" (nesse caso, o analista sente-se tentado a sugerir que, de fato, ficaria mais em conta trocar de filho).
Vale ainda mencionar o estranho silêncio, nos consultórios dos analistas, em torno do eterno mistério do desejo e da diferença sexual. A falta de objeto que caracteriza a atração erótica parece ter sido ofuscada pela onipresença de imagens sexuais nos outdoors, na televisão, nas lojas, nas revistas -por onde olhe, o sujeito se depara com o sexual desvelado que se oferece e o convida.
As fantasias sexuais são todas prêt-à-porter. Seria ok, se o suposto desvelamento do mistério não produzisse sintomas paradoxais. O tédio, em primeiro lugar, entre jovens que se esforçam desde cedo para dar mostras de grande eficiência e voracidade sexuais. As intervenções cirúrgicas no corpo, de consequências por vezes bizarras, em rapazes e moças que pensam que a imagem corporal perfeita seja a solução para o mistério que mobiliza o desejo.
A reificação do sujeito identificado como mais uma mercadoria se revela no medo generalizado de não agradar. O mistério do desejo persiste, assim como não deixa de existir o inconsciente: mas é como se suas manifestações não interrogassem mais os sujeitos.
MARIA RITA KEHL
é psicanalista e ensaísta,
autora de "O Tempo e o Cão"
(ed. Boitempo).
hoje, 8 de setembro
festa dos 9 anos
da tribo das artes
no teatro da praça em taguatinga
na quarta
tem o lançamento do novo livro do nicolas berh
traduzido para o espanhol
no rayuela a partir das 18:00 hs
412 sul
na quinta
lançamento do primeiro romance
de geraldo lima: UM
a partir das 19:00 no martinica café
303 norte
brasília não é só a sarna do sarney
nem a classe média de águas claras
que proíbe a entrada de cachorros no parque
( eu fico com os cachorros )
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Programe-se
01/09/2009
2º Sarau Videoliteromusical chega à Biblioteca Nacional de Brasília
“Escrever é fácil: você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio, você coloca as ideias”. Com essa simples citação é que o poeta chileno Pablo Neruda define a arte de construir um texto. O público brasiliense poderá ver toda essa construção em uma experiência que envolve vídeo, literatura e música. Nesta terça-feira (1º/9) começa o Poemação - 2º Sarau Videoliteromusical na Biblioteca Nacional de Brasília, das 19h às 21h.
“Estamos oferecendo nesta edição espaço para mostrar a poesia dos brasilienses”, afirma Jorge Amâncio, um dos coordenadores do sarau. Para essa segunda edição, o público pode esperar uma “colcha de retalhos”, com diversos tipos de poesia, entre eles a concretista e a urbana, além da questão ambiental. “A ideia é fazer algo eclético. Quanto mais diversidade, melhor”, explica Amâncio.
O sarau não ficará restrito àqueles que apreciam a literatura, mas aberto a todos os públicos. “É importante atrair todas as classes, misturar o máximo possível, tanto para quem gosta e também para quem não tem o hábito da leitura”, disse Amâncio. No ano passado, o evento teve lotação máxima no auditório da Biblioteca.
Literatura
Nesta edição, o poeta Antônio Miranda vai apresentar a poesia do uruguaio Roberto Bianchi, que estará presente ao evento e recitará alguns de seus poemas. Natural de Montevidéu, Bianchi tem uma vasta obra poética publicada, entre eles Montevide-o-dios, de 1997, e Los amores son arcos formidables, de 1999. Além de poeta, Bianchi é também editor e diretor da MC aBrace, que se dedica a edição, publicação, promoção e distribuição de obras culturais.
As declamações de poesia vão dominar grande parte do evento. A servidora do Tribunal de Contas da União (TCU) Anabe Lopes, que coordena o sarau Quintas das Artes no TCU, e Carlos Augusto, autor dos livros Fadas Guerreiras e Mascáras, irão declamar as poesias no palco. Durante o evento, também serão relançados os livros Torquato Neto ou a carne seca é servida, do jornalista Kenard, e a publicação Demorô, de Paulo Kaim, lançado em Portugal.
A Rede de Semente do Cerrado também estará presente para uma noite de autógrafos. O livro Flores e Frutos do Cerrado, de Carolyn Proença, Rafael Oliveira e Ana Palmira Silva, traz a beleza do cerrado em fotos, aquarelas de flores e frutos encontrados na reserva particular do patrimônio nacional Linda Serra dos Topázios, em Cristalina (GO).
Os poetas presentes no local poderão mostrar seus próprios poemas no quadro Poesia na Plateia. “Incentivar os escritores de Brasília é uma das ideias. Brasília é uma cidade nova e tudo que se produz nela é novidade”, afirma Amâncio.
Música e Vídeo
A música não pode faltar durante o sarau. N programação musical, estarão a cantora brasiliense Teresa Lopes, com seu inigualável timbre de voz, e o grupo instrumental Chorico. Junto com o grupo, o violonista Amílcar Paré também se apresenta. Amílcar mudou-se para Brasília em 2005, quando estudou violão de sete cordas e, a partir daí, começou a se apresentar como violonista, vocalista, arranjador e diretor musical de grupos de samba e choro.
As apresentações em vídeo vão ficar, por enquanto, de fora desse sarau. “Nós disponibilizamos a opção de apresentar algo por vídeo, mas, até agora, nenhum dos convidados manifestou vontade. Ainda estamos aguardando”, explica Amâncio.
hoje
o
sarauvá
na
biblioteca nacional
foi
fuderoso mano
dava pra sentir o cheiro de pastel e do caldo-de-cana
da rodoviária
brasília tá batendo as asas
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