Muito prazer
Chiquinho do CeuBinho da UnB
Ele chegou a Sobradinho em 1969, não tem casa própria, não tem carro, não frequenta a alta sociedade intelectual, mas é um dos livreiros mais respeitados de Brasília, principalmente por alunos e ex-alunos da Universidade de Brasília (UnB), onde tem seu bunker literário e acadêmico há 34 anos. Francisco Joaquim de Carvalho gosta de dizer que vendeu livros para três gerações da comunidade universitária. Piauiense, de Picos, Chiquinho, 49 anos, tem uma conversa tranquila mesmo falando de assuntos áridos. Gosta de citar escritores, de Marceu Proust a Jack Kerouac, nos bate-papos, como este com o Correio. Perguntado sobre o fiasco da Feira do Livro, foi direto: “Falta profissionalismo”.
Livro, sinônimo de livre
No ramo há 34 anos, Francisco Joaquim critica o atendimento impessoal das megalivrarias e defende a tradição dos livreiros
José Carlos Vieira
Nahima Maciel
Daniel Ferreira/CB/D.A Press - 26/8/09 |
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Você é da época em que os estudantes jogavam livros nos policiais que ocupavam o câmpus da UnB, no fim dos anos 1970. O perfil dos estudantes mudou de lá para cá?
Mudou e muito. Hoje em dia, há menos interesse pela leitura, pela realidade do país. A questão da internet levou o estudante a esquecer o livro real. As coisas estão muito vazias, ocas. E isso é um atraso muito grande. Os meninos do anos 1970 e 1980 tinham uma demanda de leitura muito maior do que hoje. Atualmente, os jovens preferem o comodismo e, às vezes, o superficialismo da internet. Quando entram na universidade eles entram muito crus, com pouca bagagem literária. Mas existem aqueles que têm uma tradição de leitura herdada dos pais.
Quais são os vilões responsáveis pelo fiasco da Feira do Livro?
A falta de planejamento, de profissionalismo, o fim dos livreiros tradicionais, como o pessoal da Casa do Livro, que fechou as portas, o Ivan da Presença, do Quiosque Cultural… Hoje temos apenas as megalivrarias, verdadeiros supermercados. O livreiro de antigamente — isso não quer dizer ultrapassado — está em extinção por uma questão de mercado.
O que precisa ser feito para salvar a feira? Tirá-la das mãos da Secretaria da Cultura?
Acho que é necessário uma parceria real entre todos os segmentos. Que se faça um planejamento de longo prazo. Porque fazendo tudo em cima da hora não dá nada certo. É até uma irresponsabilidade. O nome do evento de Brasília fica queimado em outras feiras espalhadas pelo país, quase todas mais atrativas que a nossa. A feira do ano passado já foi desastrosa, não podemos repetir os mesmos erros, o mesmo fiasco nos 50 anos de Brasília em 2010. Nossa cidade precisa continuar sendo a capital da cultura e da leitura. Ando preocupado com a tradição, do resgate das livrarias. Hoje não se tem mais livreiros, existem apenas balconistas, não existe mais aquele atendimento personalizado. Uma pessoa vai à minha livraria e pede um Jack Kerouac, ou Roland Barthes, ou Marcel Proust… nós sabemos atender e damos indicações sobre livros que têm a ver com o assunto. Isso está faltando, está em extinção, repito.
Por que livros independentes não têm espaço nas estantes das grandes livrarias?
É uma política dos grandes livreiros, mas há também o desinteresse dos vendedores em ler os trabalhos que estão expostos. Simplesmente os jogam na prateleira, não sabem nem do que se trata. Os vendedores são incapazes de ler a orelha de um livro, como vão oferecê-los ao público? Uma das coisas mais importantes no nosso ramo é ter conhecimento do produto que se vende.
Você sabe o que oferecer aos seus clientes. Quando os conhece há um tempo, é fácil. Mas e com um desconhecido, o que você observa antes de oferecer um livro?
Primeiro, é necessário analisar o discurso do cliente e, em, seguida, descobrir o seu perfil. É um feeling adquirido em décadas nesse doce negócio de livros. Por exemplo, o cliente procura um livro de filosofia e, rapidamente, lhe ofereço cinco obras ligadas ao assunto. Há um engrandecimento bibliográfico. Essa é a diferença por eu estar no mercado há tanto tempo. Esse jeito e esse gosto ao livro fazem a diferença.
Você lê muito? Quanto?
Antigamente, quando jovem, lia muito mais do que hoje. Lia muita biografia, ficção científica, Machado de Assis, Lima Barreto. Hoje, por absoluta falta de tempo, vejo as resenhas dos livros que ofereço e revistas como a Cult, Bravo… para me informar das novas tendências do mercado.
Quais são os três livros que marcaram sua vida?
O Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto; Os ratos, de Dyonélio Machado; e Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa. Mas há outros autores importantes que aprecio, como Moacyr Scliar.
E os escritores de Brasília, quais os que você admira?
Poeticamente falando, gosto muito do trabalho do Paulo Kauim. Também do poeta Francisco Kaq.
Se você fosse ministro da Educação, o que faria para o brasileiro ler mais?
Uma bolsa-leitura para as populações mais carentes do país. Daria mais respeito à leitura, cobraria investimentos pesados em educação. O governo precisa entrar muito firme nesse tema, porque o que estão fazendo hoje em dia é muito pouco em todas as esferas governamentais. São trabalhos precários.
Vender livro dá prejuízo?
Não, dá prazer. Só sei fazer isso: vender livros, dar indicações bibliográficas. Nada mais gratificante do que indicar um livro de que a pessoa necessita em determinado momento. A pessoa lhe ficará grata eternamente.
A maioria dos livreiros da cidade mudou de ramo depois da chegada das grandes lojas. Você não. Qual o segredo?
Faço um trabalho silencioso, de formiga mesmo. Por estar dentro da universidade, tenho mais condições de oferecer meus livros a um público mais seletivo. Mesmo assim, tenho muito medo de ser devorado pelas gigantes. A concorrência hoje é muito intensa. Acho que minha sobrevivência deve-se também aos 34 anos de trabalho nessa área, sempre respeitando e tratando o leitor como um indivíduo único. Com suas próprias aspirações. Por exemplo, uma pessoa chega à sua livraria e pede Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, você indica também Formação econômica do Brasil, de Celso Furtado, e Grande sertão veredas, de Guimarães Rosa. A pessoa sai muito feliz por essa cumplicidade, isso é que faz a diferença. Falamos a mesma língua.
28 de novembro ( sábado )
Encontro com o Autor
Lançamento de livros
O Filho da Revolução,
Filhos da Revolução
e Demorô
Carlos Marcelo,
Patrique Salvatti
e Paulo Kauim
CAFÉ LITERÁRIO
CASSIANO NUNES
FEIRA DO LIVRO DE BRASÍLIA
20:30 as 22:00
mar
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volto
um
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astro
ar
rasta
as
on
das
na
vi
os
n e g r e i r o s
jorge amâncio
do livro negrojorgen
editora thesaurus
brasília - áfrica - brasil
alunos da 5 e 6 séries
da escola parque 210 norte
realizam exposição
com os trabalhos criados
na oficina de fotografia
parabéns
pra
vocês
.
TODOS OS CONVIDADOS
Adrienne Myrtes, Allan Sieber, Analu Andriguetti, Antonio Cadengue, Antonio Prata, Binho, Carlos Herculano Lopes, Chacal, Claudiney Ferreira, Claudio Willer, Coletivo Muito Barulho por Nada, Coletivo Poesia Maloqueirista, Coletivo Urros Masculinos, Confraria do Vento, Dani Umpi, Edney Silvestre, Edson Kumasaka, Fabiana Cozza, Fabrício Corsaletti, Fernando Morais, Ferréz, Flu, Francisco Alvim, Frederico Barbosa, Heloísa Buarque de Hollanda, Hugo Guimarães, Ismael Caneppele, Ítalo Moriconi, Ivana Arruda Leite, Ivan Marques, Jesús Ernesto Parra, João Melo, João Gilberto Noll, João Paulo Cuenca, João Silvério Trevisan, João Ubaldo Ribeiro, Joca Reiners Terron, Jommard Muniz de Britto, José Luís Peixoto, Léo Felipe Campos, Lieli Loures, Lira Neto, Lulina, Lygia Fagundes Telles, Manuel da Costa Pinto, Marcelo Coelho, Marcelo Moutinho, Márcio Souza, Maria Alice Amorim, Maria José Silveira, Maria Rezende, Mário Prata, Matthew Shirts, Micheliny Verunsck, Michel Laub, Michel Melamed, Naruna Costa, Nelson de Oliveira, Noemi Jaffe, Nicolas Behr, Olívia Araújo, Paulo Scott, Pedro Américo, Pepetela, Porcas Borboletas, Raimundo Carrero, Ramon Mello, Reginaldo Pujol Filho, Reinaldo Moraes, Rodrigo Garcia Lopes, Rodrigo Lacerda, Rodrigo Penna, Ronaldo Bressane, Rubi, Ruy Mascarenhas, Samuel Leon, Santiago Nazarian, Sérgio Vaz, Sidney Rocha, Vitor Araújo e Xico Sá são os convidados deste ano para a quarta edição da Balada Literária, que acontecerá de 19 a 22 de novembro e saravá!
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