fotos: Renato Acha
OUTRA ESPLANADA
As epifanias são concretas. Durante as comemorações da Bienal Brasil do Livro e da Leitura
e do aniversário de 52 anos de Brasília, uma epifania real lançou luz sobre a massa durante um show do Caetano Veloso na Esplanada dos Ministérios. Os curadores da Bienal usaram como critério artistas-escritores. No palco, nu com a sua música, quase a palo seco, Caetano, com o seu violão inicia com um acorde trocado cantando Terra. Antes de cantar a próxima canção, referindo-se à atmosfera da plateia e da noite, ele diz: tá muito bonito e eu quero estar à altura dessa beleza. Logo cospe docemente os versos de Odeio e para suavizar o desenho do seu roteiro canta Você é Linda. Esse mulato nato parecia estar no colo das pessoas presentes que em quase todas as canções
cantou junto com ele. Várias pérolas eram lançadas. Ele cantou Qualquer Coisa, Luz do Sol, Um Índio, Rapte-me Camaleoa. Imediatamente me lembrei do monge no Japão ao interpretar a peça-mítica Coração Vagabundo. Foi em Londres onde seu violão ganhou corpo e coragem e agora ganhava camadas percussivas em Odara, fazendo a multidão dançar e nos remetendo aos bons tempos da Banda Black Rio. Num breve intervalo comenta que do alto do palco ele podia ver a Praça dos Três Poderes e nos atira a pergunta: O QUE SERÁ QUE A GENTE VAI FAZER DISSO TUDO? Computadores fazem arte, artistas fazem dinheiro e Caetano erige um platô de perguntas.
A canção Flor do Cerrado que fez para a Gal encaixou-se ao roteiro como uma homenagem carinhosa e explícita para a aniversariante. Logo segue cantando Por Quem? Aqui seu modo de cantar nos lembra de imediato a forma de cantar de sua mãe e também mãe de sua voz. Com um acompanhamento do mar de vozes, ele canta Desde que o samba é samba. Desde que Caetano é Caetano o samba esteve em seu sangue de roda em Santo Amaro ou em Guadalupe.
Nossa fé na festa aumenta quando Caetano interpreta Milagres do Povo fazendo ecoar pela Esplanada palavras que ainda estão cicatrizando-se em nós: Quem descobriu o Brasil? Foi o negro que viu a crueldade bem de frente e ainda produziu milagres de fé no extremo ocidente. É tão raro um cantor de rádio ser um pensador que com seu cantar nada vagabundo melhora o mundo. O público mais uma vez cantou com ele Cajúina, Trilhos Urbanos e Nosso Estranho Amor. O coro ficou maior com Sonhos e Sozinho do Peninha e Leãozinho. Parecia que todo o Barroco de Santo Amaro saia pela voz do baiano e deslizava pelas curvas contemporâneas da arquitetura de Oscar. Mais uma vez, apenas com o seu instrumento fez a massa mexer em transe com Nine Out Of Ten e Tieta. Sem perceber a noção do tempo como num encantamento o show acaba. A multidão não parava de aplaudi-lo. Caetano deixa o palco e sob aplausos de todas as camadas sociais ali presentes, ele retorna para interpretar Força Estranha e Alegria Alegria ( aquela nossa conhecida canção que funda a ultramodernidade na música popular brasileira ).
Na canção Livros que não estava no programa ele afirma : Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso (E, sem dúvida, sobretudo o verso) É o que pode lançar mundos no mundo. Na noite do dia 22 de abril de 2012, seu poema-canto realizou-se com júbilo nos apontando um outro mundo menos bárbaro e mais doce.
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UM MOMENTO RARO
INGRESSOS LIMITADOS
INGRESSOS LIMITADOS
UMA VOZ SEM LIMITES
RUBI + GERO CAMILO = OBRA DE ARTE TOTAL
evoé
ARTE EM ABERTO
ENCONTRO 2
16 de abril –
segunda-feira
HILAN BENSUSAN /
TERESA LABARRÈRE -
Dexistência – pulsão de pausa
(estreia mundial do filme, seguida de debate)
ARTE EM ABERTO
Debates, palestras e mostras de arte compõem projeto Arte em Aberto
Publicação: 11/04/2012 CORREIO BRAZILIENSE
estudando tanto
sobre o chico science
e o manguebeat
senti uma imensa saudade
do caetano veloso
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