MEU AMIGO ESTRUTURAL
Entre o ano de 1962 e o ano de 1964, nosso pai, Severino Manoel Soares, foi presidente do
Sindicato dos Trabalhadores Rurais em Timbaúba, cidade da zona da mata e também foi presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do estado de Pernambuco – FETAPE. Ele chegou a ser preso político algumas vezes. Em 1968, com o Ato Institucional número cinco, o AI 05, ele foi
torturado e nossa família foi obrigada a mudar-se para o Rio de Janeiro. O nosso exílio foi na favela
Nova Brasília, hoje tudo é considerado Complexo do Alemão. Fui para a escola Alcides Gaspari onde tive uma alfabetização traumática. Eu havia acabado de completar sete anos de idade, recém
chegado do Nordeste do Brasil em um grande centro, eu sofria com as palavras daquele novo universo. Imaginem uma criança arrancada do interior do estado de Pernambuco, sendo alfabetizada na periferia do Rio de Janeiro com palavras de uma outra galáxia feito: uva, telefone,
piscina. Tudo era dor.
A arte nos remete para tantos lugares, memórias e situações. Foi assim que me senti ao sair da
mostra de curtas metragens no Brasília Shopping. Fui mordido por um curta. Um curto circuíto chocou meu coração de tanta simplicidade e beleza. O filme MEU AMIGO NIETZSCHE é a crítica
mais furiosa que já vi sobre os vários aspectos do Brasil: educacional, sociológico, religioso, antro-
pológico, cultural, econômico, histórico, geográfico, ético e estético. É um filme que funda o novo cinema feito em Brasília. É um filme que funda uma nova nação no lugar da pátria banguela e anal-
fabeta. Cinema é a dança da luz. Meu Amigo Nietzsche é a dança do intelecto. Uma nova cidade foi fundada depois do filme. Freud é auto-escola da psiquê. Nietzsche, Freud e Marx exalam um novo chorume sobre o lixão da estrutural.
A psicanálise aponta para revoluções individuais, onde quem tá próximo, também é arrastado
pela pororoca na psiquê ( é necessário manifestar o desejo de mudança ). O meu amigo Nietzsche é a pipa mais alta no céu do DF que corta e apara a ignorância. Ele leva a vida para dentro da escola.
O Filme não apenas pergunta sobre a morte de Deus, mas a morte do poder público e a transvalo-
ração de todos os valores. Pela primeira vez, o cinema feito neste sítio, ocupou a tela do meu ser
inquieto.
É um momento raro quando um excelente argumento, roteiro, direção, elenco, fotografia,
interpretação, música e montagem, juntam-se para transformar o mundo em cada um de nós. Se nos primórdios do cinema, a imagem projetada de um trem em vinte e quatro quadros por segundo
assustava as pessoas, hoje, ele encanta e é capaz de provocar reflexão em tempos bárbaros transformando lixo em luxo. O filme é um convite para que cada um saia das trevas da caverna e venha dançar na luz. Evoé!
Paulo kauim
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