O Gama é a Semente do devir
A periferia no Brasil, tornou-se território dos novos quilombos-estéticos-tecnológicos. O Grupo Semente é um deles. A elite dirigente sempre olhou a periferia com desprezo, arrogância e com aquela cara de freira-assistente-social. Engana-se quem pensa encontrar na encenação deste grupo, uma estética menor, amadora ou paroquial. Pelo contrário, o público irá deparar-se com uma obra inventiva e vigorosa com influências das vanguardas que vão de Artaud, Grotowski, Samuel Beckett, Peter Brook, Pina Bausch em interseção com textos de Caio Fernando Abreu, Gero Camilo, Sids Oliveira e dos próprios criadores-pesquisadores do Semente.
A grande arte nos arranca do real, nos leva para o não-lugar da ilusão, e neste, nos faz refletir
sobre a própria realidade. Ou seja, é uma mentira que nos faz lembrar a verdade. É aquela dor que o Pessoa deveras sente. No espetáculo Infinito Vazio, o público percorre o ditirambo guiados por um elenco de atores de primeira grandeza. A constelação de bacantes e sátiros é formada por: Bruna Nayara, Emylle Lacerda, Flavia Reis, Jessica Ximenes, Jullya Graciela, Jussy Nascimento, Nathália Jennifer, Thiago Alves e Vando Farias. Me emociono até agora quando recordo-me do elenco interpretando um choro-canção do Chico Buarque e a canção Ai, da Tata Fernades e do Kléber Albuquerque.
A ilusão e o real estão constantemente mordendo-se nesta encenação. A dramaturgia é erigida
em polifonias, onde estas, criam camadas de signos sonoros, gestuais e poéticos. O Valdeci e o Ricardo César, são encenadores inquietos que apontam sua montagem em eterno devir. Uma personagem-performer em determinado momento diz para a plateia: as coisas novas querem entrar. Em outro momento, uma personagem lança vagidos enquanto toma o seu chá de camomila: o futuro sempre traz coisas novas. O futuro é agora, no Gama, no Espaço Semente. Valdeci e Ricardo César
são certeiros quando lidam com o tempo, sobrepondo o tempo da rua com o tempo das quatro paredes. Os tempos contaminam-se em tangentes, levando para o espectador possibilidades de novas miradas sobre o seu próprio existir infinito e vazio. O espectador aqui é um pescador de ideias e phatos. Para finalizar minha breve crítica, segue um texto do poeta Jorge Salomão, que nos remete ao infinito vazio dos dias de agora: Vozes, pessoas passam... / " onde estou, onde? " / uma casa habitada pelo sol!
Se você deseja ter um sábado ou um domingo fantástico, o espetáculo ficará em cartaz todos os sábados e domingos do mês de agosto. Evoé.
Paulo kauim
Tive minha iniciação teatral com o José Renato (criador do teatro de arena ) na companhia de Sandro Poloni, ao lado de Maria Della Costa, Oswaldo Loureiro, Yara Amaral, Leonardo Villar e Fernando José no Teatro Villa Lobos - RJ. Com o Sandro Poloni, que era iluminador do Grupo do Antunes Filho, aprendi a amar a iluminação. Minha graduação foi na Faculdade Dulcina de Moraes. Tenho pós-graduação em Arte, Educação e Tecnologias Contemporâneas pela Universidade de Brasília. Trabalhei com Ricardo Torres, Miquéias Paz, Celeiro das Antas. Fui encenador do grupo Anarcocênico.
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